Meu quarto tem cheiro de
mim. Meu perfume, meu shampoo... Nas paredes claras a boneca verde, a casinha
habitada, os quadrinhos e todo meu jeito de ser.
Um guarda-roupas velho cheio de
livros, cadernos, cartas e recordações de algum tempo atrás.
Um chapéu azul - tão bonito! - o coelhinho que Péricles me deu no Natal...
Muitas noites de insônia e
medo, muita coisa minha, só minha, como meus pensamentos ocultos.
Meu quarto se parece muito
comigo. Acho que fui eu que o moldei ao meu jeito. Meu quarto, meu
mundo. Monólogos, reclamações, sonhos e lembranças boas e ruins dos amores que se foram e dos que não chegaram a
acontecer.
Meu quarto, extensão de mim, solidão de mim.
Letícia Thompson - 87
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