Ciúme
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Letícia Thompson
Não adianta! Por mais que digamos que não, devemos confessar que nos
sentimos importantes quando alguém sente ciúme da gente. O sentimento
inicial é de zelo: aquela pessoa nos ama tanto que quer nos proteger. Quando
nenhum ciúme entra em jogo, o sentimento que temos é de descaso.
O ciúme é um sentimento possessivo e demonstra insegurança da parte de quem
o sente. A pessoa extremamente ciumenta não tem confiança em si mesma e no
seu poder natural de "prender" a pessoa à ela. É alguém infeliz que
desconfia de tudo e de todos e nunca está tranqüilo, pois na sua cabeça tudo
se transforma de maneira a dar razão ao que sente.
O ciúme é como uma prisão. Aos pouquinhos tudo vai se fechando em torno da
pessoa objeto do ciúme e se ela não reage estará no fim das contas fechada
entre quatro paredes, de pés e mãos atados. Isso não é sadio. Quando amamos
alguém devemos dar-lhe ar e não impedir que esse respire. Nosso objetivo
principal deveria ser de ver a pessoa amada feliz e não uma marionete sem
vontades, que podemos controlar o tempo todo, sempre à nossa disposição.
Porém, mesmo se amamos profundamente uma pessoa e que essa pessoa nos ame,
ninguém pertence a ninguém. Somos todos indivíduos, com vontades próprias,
sentimentos próprios, desejos próprios. Damos da nossa vida e do nosso
coração, mas continuamos sendo uma pessoa à parte. É bonito falar em fusão
no amor, mas na realidade, se permitimos essa fusão, perdemos nossa
personalidade. Uma pessoa que vive em absoluto em função de outra pessoa
perdeu-se a sim mesma, é uma luz apagada.
Um ciumento compulsivo acha que tudo lhe pertence e tem necessidade de ter o
controle das coisas e pessoas. É uma pessoa doente que deve e precisa
curar-se. Deve tentar recuperar sua auto-estima, sua auto-confiança. Deve
aprender que não se força ninguém e nada a estar ao nosso lado e, menos
ainda, na nossa vida. As pessoas que ficam, que seja na amizade ou no amor,
devem estar por livre escolha.
Saber que alguém está conosco porque escolheu estar é gostoso, é
enriquecedor.
Contudo e apesar de tudo, não há nenhum mal em um bocadinho de ciúme. Só um
pouquinho. Como o perfume no corpo. Nunca demais. O suficiente para temperar
o relacionamento, pra fazer com que o outro sinta que tem algum valor. Algo
agradável de se sentir e viver.
Faz parte do ser humano e podemos notar mesmo nas espécies animais o
sentimento de ciúme. Nada errado com isso. O importante é descobrir a medida
exata dos nossos sentimentos e os limites que existem dentro de um
relacionamento, sempre visando o respeito do outro.
O importante é saber temperar para que parte e outra sintam-se realizadas e
felizes...
Letícia Thompson
contact@leticiathompson.net
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