Cilada

  © Letícia Thompson

 

Quando o dia amanhece

Preguiçoso, sem pressa,

É meu coração que se apressa

Com a simples lembrança tua.

Quem sabe não sonhas comigo,

Não me desejas

Nesse sono que nunca chega?!

Quem sabe, dormindo,

Teus lábios não sorriem

Cheios de mistério?

Quem sabe teu rosto iluminado

Não me procura ao teu lado

E num gesto impensado

Não beijas o travesseiro?!

Ah!...

O dia chega de mansinho

E encontrastes no meu peito um ninho

Onde se repousar,

Me confortar...

Ah!...

Sou eu quem sorrio

Pro nada!...

A vida me pregou uma peça!...

E amo estar nessa cilada

E na madrugada calada

Sonhar que estás comigo

E me surpreender,

Quando me refaço,

De ter um travesseiro entre os braços!...

 

Letícia Thompson

leticiathompson@skynet.be

 

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