Centelhas...

 

 
O refulgir de uma centelha,
é a ferroada de uma abelha
    num íntimo refolho d’alma...
Nos meandros de teu corpo,
como num fundo de agulha,
a explosão de uma fagulha
fere o breu da noite calma.
É o vórtice de um tornado,
é como um grito assustado;
pois não querias descobrir
que eu deixei marcas em ti,
tal qual as deixaste em mim;
e elas jamais quiseram sumir,
embora tu nunca me tocasses,
quiçá eu,não te tocasse,enfim.
Ficou essa fagulha de desejo,
nas centelhas de um só beijo
 que nunca veio, ficou por vir;
por mais que tu o desejasses,
 por mais qu’eu tanto quisesse.
 Se fosse coisa que eu pudesse:
a emoção de um doce abraço,
só uma fagulha, um leve traço,
a dádiva de vida que me ficou;
da inocente centelha de amor,
   que o tempo inclemente levou...
 
Franca, 2.002, Outubro, 18.
José Carlos Rodrigues

 

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