Cantigas...
Ai,que
ainda vivo esses tempos
em
que se acreditava em paixão.
Tempos
de poesia nos saraus,
do
gramofone,da vitrola,
som
romântico de pianola,
e
uma valsa no salão...
Eu
roubaria uma flor,
como
uma prenda de amor,
e
da rua cheia de calhaus;
cantar-te-ia
uma serenata.
De
chapéu coco e gravata,
e
uma casaca azul atlântico,
repleto
de apenas vinte anos,
ainda
sem conhecer desenganos,
com
vontade de vencer o mundo;
ser
jovem, poeta e vagabundo...
Ai,que
esse é meu jeito romântico,
alma,
coração, e sentimentos,
em
um poema extemporâneo,
que
só brotou espontâneo,
porque
eu dormi no passado;
acordei
no presente errado,
em
busca do tempo futuro ...
Um
poema bonito e puro,
que
tu chamarias de irreal,
não
fosses educada e airosa.
Mas
eu também sonho contigo,
com
um vestido de tempo antigo,
em
bom estilo melindrosa.
E
então me ouvirias a seresta,
logo
depois de findada a festa
em
que eu não podia entrar..
Ai!Se
a minha voz te alcançar,
abre
um pouquinho a janela,
que
eu trarei a rosa amarela,
roubada
em qualquer jardim,
mais
um raminho de alecrim,
para
que ponhas à cabeceira.
Mas,
se eu invadir-te o coração,
abre,por
Deus,a janela inteira,
deixa
que escale teu balcão;
para
amar-te por uma hora,
vivendo
o passado, agora.
Eu
fugirei na madrugada,
com
minha casaca amassada;
sem
etiqueta e sem código;
mas
deixarei que o vento frio,
traga-te
no som de meu assovio;
cantigas
cheias de amor melódico !
Franca,2.001,Novembro,18.
José
Carlos Rodrigues
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