Brilho...
 

 

Sem que eu pudesse retê-la,
 foi de volta para uma estrela.
Deixou-me saudade nos braços,
a compensar-me pelos abraços
  tão impossíveis de se deixar...
Porque não quisesse, talvez
ou que esperasse outra vez,
    uma hora pra me encontrar....
Ficou-me a suave lembrança
daquele jeito todo arredio;
 uma linda e tímida esperança,
   nesse meu próprio jeito vadio...
Eu ainda espero por sua volta,
quando a imaginação se solta,
procurando por seus sinais...
Mas, já não os encontro mais!
Em meu corpo, seus vestígios:
uma leve mancha de seu batom,
    a doce marca de uma mordida...
Saudade é voz que não tem som;
não esconde nem cura a ferida,
pois se desvanece na madrugada,
levando a imagem daquela fada,
e me privando de tais prodígios.
Eu me recolho em minha poesia,
sempre um canto sem estribilho,
perdendo a noite, guardando o dia;
pois se a noite é a mãe feiticeira,
resta um sol sem companheira,
   na solidão de seu próprio brilho...
 
Franca,2.002,Julho,01
José Carlos Rodrigues

 

 

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