ALGEMA A MINHA MÃO...
Como poderia eu estar pejada? Que fiz para originar esta cara zangada? Eu sei, desconfias de mim! Amaina a cólera, olha o mundo e seus lumes, Não te percas no inferno dos queixumes, Nem cantes esta ladainha sem fim! Não te traí, o meu caráter eu conheço, Esta torpe acusação eu não mereço, Ter amizades não é prevaricar, Mas para ti é sinônimo de crime, Este sentimento tão sublime, E a troca de um olhar... Não te lembras, claro, esqueceste, Quando por outra, desapareceste, E por ciúme perdi o hábito de sorrir? Agora me julgas com raiva intensa, Como severo juiz determinaste a sentença, Mas, à ré, não queres ouvir... Eu daria minha vida, Para que entendesses a minha lida De dores e sofrimentos evitar, De não partir o elo de amizade tão formosa, De que tudo voltasse a ser cor-de-rosa, E, ao amigo pivô não ver chorar... Deixa de bobagens! Prende-me nos teus braços, Vivamos de novo em longos amassos, Reforcemos nossa estremecida paixão: Deixa que te beije, levanta esta fronte altiva, Porque, por ti, tenho a alma cativa, E com a tua, algema a minha mão...
Maria Hilda de J. Alão
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