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Receita de felicidade eu já vi. Ponto por ponto. Conselhos. Mas existe mesmo uma receita, se consideramos que felicidade é uma coisa individual? Se levamos em conta que o que é bom pra mim não é necessariamente bom para o meu próximo? Existe, certo, pontos onde podemos definir que podem ser a base para a felicidade de uma maneira geral, mas isso mesmo não é a felicidade em si. Costumamos fazer projetos para os nossos filhos, às vezes irmãos mais novos e até amigos próximos. Jogamos sobre eles nosso próprio desejo de conseguir alguma coisa e colocamos sobre isso a nossa própria expectativa de felicidade sem nos darmos realmente conta se aquilo será realmente o que aquele pessoa deseja para a sua realização pessoal e se aquilo está dentro do padrão do que aquela pessoa deseja para si mesma. Queremos que as pessoas vivam segundo nossos projetos e não segundo eles próprios. E quando essas pessoas dizem não, nos decepcionamos. Às vezes cometemos até o erro de tentar fazê-los mudar de opinião. Na verdade, ao agirmos assim, não estamos pensando na felicidade do outro, nem mesmo no outro. Estamos pensando em nós, no quanto nos abala saber que as pessoas são diferentes da gente, muitas vezes até no quanto elas são capazes em coisas que nós mesmos nunca tivemos a coragem de assumir. Mas minha felicidade ou infelicidade, não é a felicidade ou infelicidade de ninguém. A do outro também não é minha. Eu não sei, mesmo se o conheço profundamente, quantas noites ele ficou sem dormir porque se sentia infeliz ou o quanto sonhou acordado com coisas que eu nem posso supor. É errado sofrer sofrimento dos outros. E injusto também. Isso pelos dois lados. É importante deixar a cada um o direito de ser feliz como ele sente ou aspira. Se sentir feliz por alguém e ser feliz por esse mesmo alguém são duas coisas distintas. Amamos e nos preocupamos com alguém e isso é muito natural e mesmo sadio, mas é importante saber se liberar do peso de se sentir feliz ou infeliz por outra pessoa, mesmo se a amamos muito!
Letícia Thompson |
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