Ironia

 © Letícia Thompson

 

 

Que ironia do destino

Em te trazer tão tarde

Quando a primavera da vida

Já não arde!...

Que ironia louca,

Que desatino!

Um amor maduro

Em coração de menino!...

Mas o tempo não perdoa

E enquanto corre solto,

Feito água entre os dedos,

Espero, sentida,

Que se feche a ferida.

Já não há mais tempo

Para o amor,

Nem hora, nem fim de tarde.

O amanhecer já não nos pertence...

Tudo na vida é rotina

E fecho-me como uma concha,

Tranco minh'alma de menina,

Para suportar a dor

Que meu peito abriga.

Que ironia

Em te trazer assim, tão tarde!

E em meu peito esse amor ainda arde!

Para receber o outono

Da nossa existência

E ficar assim,

Como folhas secas que o vento leva...

 

Letícia Thompson

contact@leticiathompson.net

 

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