A estrada da vida
© Letícia
Thompson
O avanço tecnológico nos permite
ver e localizar várias partes do
mundo em tempo real. Podemos
saber, com uma precisão quase
exata quantos quilômetros
faremos em determinado tempo.
Isso nos dá segurança, nos
permite planejar.
Todavia, a estrada da vida de
cada um continua uma incógnita.
Planejamos, sim, mas sem poder
afirmar quantos quilômetros
poderemos ainda percorrer e nem
o tempo que teremos para isso.
Claro, esse desconhecimento do
caminho não nos impede de ir
adiante. Mas, por outro lado,
faz por vezes que nos esqueçamos
que não temos todo o tempo do
mundo e vamos adiando certas
pequenas coisas, talvez nem tão
importantes em si, mas que nos
fariam felizes.
Alguém me disse outro dia que o
sonho de uma pessoa conhecida
mundialmente e que deixou o
mundo cedo demais era ir à
Disneyland. E essa pessoa me
disse: _ por que será que nunca
foi? Eu respondi que é por que
essa pessoa sempre achava que
teria tempo para isso e deixava
para amanhã, para o ano próximo
ou, quem sabe ainda, para a
velhice. Velhice essa que nunca
alcançou...
A vida é uma estrada e cada
minuto passado é irrecuperável.
Cada sonho que temos, simples ou
extraordinário, é um futuro que
colocamos no coração. É um
pedacinho de felicidade que
almejamos e que, por vezes,
pensamos poder deixar de lado
para as outras prioridades da
vida.
É possível que estejamos
deixando a verdadeira felicidade
para depois, como quem guarda o
melhor para o fim, sem pensar
que esse fim pode vir antes do
que se espera ou que o cansaço
da própria vida cause desânimo.
Assim, os sonhos continuam
sonhos, quimeras, felicidades
impossíveis, intocáveis.
E o hoje passa que nem
percebemos. Dizemos que a semana
correu, o mês correu, o ano
correu. E nós? Permanecemos nós,
carregando muitos dos nossos
sonhos feito balões suspensos
por uma linha, pensando que
amanhã ou depois os traremos
para mais perto, que poderemos
tocá-los e senti-los. E nem
pensamos que uma hora ou outra
nossas mãos se abrem e o vento
carrega a vida que não vivemos.
A estrada da vida, mesmo se na
nossa frente, continua uma
incógnita. Mas somos nós os
passantes.
E se nosso sonho é uma flor, que
a colhamos! Se é uma viagem, que
a façamos com o maior prazer! Se
é estar com alguém, que
estendamos então nossas mãos e
apressemos nossos passos!
Não sei o que virá depois da
próxima curva. Mas o que sei é
que antes dela, cada um deve
procurar fazer-se feliz. Depois,
virá o que virá...
Letícia Thompson
contact@leticiathompson.net
|