Alma de poeta ...
 

 

 

E de repente a poesia flui,
de minha boca e de meus dedos;
desvendando milhões de segredos
do que eu sou e do que  fui;
 como se tentasse adivinhar;
tudo que ainda posso ser...
É passado, presente,futuro
   na medida do homem menino...
E eu me vejo então pequenino
trêmulo de medo no escuro
sem coragem até de chorar:
  era um homem por nascer...
E das alturas de meu presente
eu percebo que a claridade,
agora bem podia ser clareza
pra que me visse por inteiro
em um arroubo derradeiro
de ser meu dono e meu senhor...
O poeta é presa de sentimento,
do entusiasmo e do amor,
da mentira e da verdade,
de gáudio e de sofrimento;
mas sempre canta a beleza...
E quase nunca escapa impune
do que canta em seus cantos;
não está ileso,não é imune
 ao desconsolo do desencanto,
pois tem sensibilidade maior...
Porém, o passado tão inocente
quer fazer o homem do presente:
 de alma pura e coração impuro,
 pelo tempo corroído,corrupto;
mas não pode um mistério futuro
fazer com que se torne abrupto,
ou endurecido ou embrutecido
apenas por que se torna velho!
Como um astro em periélio,
sempre retorno àquele menino
a quem um dom lindo e divino,
deu por alma juvenil e inquieta
   a alma eterna de um doce poeta...
 
 

 

 

Franca,2.001,Maio,01.
José Carlos Rodrigues

 

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