A vivência do
outro
©
Letícia Thompson
A amizade, embora
inteira, para ser completa deve conhecer limites. Nosso primeiro ímpeto ao
ver um amigo sofrendo, que seja física, moral ou espiritualmente, é oferecer
um ombro e querer fazer alguma coisa. É natural. É humano.
Jesus também carregou o fardo dos nossos pecados. Nos aliviou de uma carga
que iria nos conduzir à perdição. Mas ainda assim não andou por nós, não
decidiu por nós. Se o tivesse feito, teríamos conhecido a total perfeição,
mas teríamos deixado de ser nós. Mas Ele nos deixou a liberdade de escolher.
Perfeito, respeitou nossas imperfeições.
Quando alguém que amamos sofre, uma parte de nós sofre também. Assim
queremos ajudar, queremos fazer alguma coisa que reconforte, restaure uma
pessoa sofrida, nos devolva o outro tal e qual aprendemos a amá-lo.
Só que nossas ações não podem e não devem ir longe demais.
Podemos ajudar uma pessoa a se levantar, a ter uma outra visão da vida, a
caminhar mais firme. Podemos dar a mão e até carregá-la no colo. O que não
podemos é tentar viver por ela.
Uma pessoa que se torna dependente de uma outra pessoa, de alguma coisa ou
circunstância é alguém de quem foi amputada a vontade.
E vontade é algo básico e essencial para se alcançar os objetivos. Se
tentamos fazer tudo no lugar de outro alguém, não oferecemos benefício algum,
muito pelo contrário.
E assim, meu amigo, eu amo tanto você que preciso te deixar caminhar com
suas próprias pernas, embora eu possa te apoiar nesse longo caminho, me
sentar ao seu lado de vez em quando para que você recupere as forças, te dar
a mão, um ombro, um pedaço do meu coração.
Eu amo tanto você que tudo o que mais quero é ver em você não um reflexo de
mim ou de qualquer outra pessoa, mas a luz que existe dentro de você, única,
exatamente como você, que me conquistou um dia e que desejo que continue
brilhando ao meu lado ao longo da minha existência.
Letícia Thompson
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