A SALA

 

 

Entro na sala e fico muda

Como mudo é, tudo o que lá está

O tapete, a cortina, a mesinha

O abajur, a poltrona, o sofá!

 

 

E ante tão surdo silêncio

Somente se ouve então

Palpitando loucamente

Os gritos de um coração

 

 

Onde estás? porquê não voltas?

Não vês que eu morro de dor?

Não há mais vida na sala

É fria sem teu calor

 

 

A sala onde outrora juntinhos

Entoávamos cantigas de amor

Não é mais que um triste quadro

Envelhecido e sem cor!

 

 

O violão ainda existe

O piano está lá também

Porém ambos se calaram

Não vibram pra mais ninguém!

 

 

Quantas lembranças encerram

A sala, o piano, o violão

Quantos sonhos sepultados

À sombra de uma ilusão.

 

 

 

Irani A. de Genaro

ngenaro@directnet.com.br

A sala

 © Letícia Thompson

 

 

Ai, solidão absurda!

As paredes calam, os móveis calam

Portanto ouço sons e sussurros

Ouço o passado e lembranças que me falam.

 

 

E o que fala mais alto

E me deixa mais aflita

É esse coração doído

Que quanto mais cala, mais grita.

 

 

Por que partistes,

Deixando-me assim tão triste?

Eras dessa sala a vida

E vida aqui já não mais existe!

 

 

Nossos momentos ficaram

Nas paredes, nos móveis, nos chão.

Quando fostes levastes contigo

Bem mais que o meu coração.

 

 

Me sinto triste e sozinha

Sofrendo de amor estou cheia de ais;

Nossa sala está vazia

Meu porto seguro perdeu o seu cais.

 

 

Se as flores secam-se num vaso

Esquecido num canto qualquer,

A esperança floresce ao acaso...

Renasço menina, sendo mulher.

 

 

 

Letícia Thompson

contact@leticiathompson.net

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