A gravidez de
um pai não se dá nas entranhas, mas fora delas.
Ela se dá
primeiro no coração, onde o sentimento de paternidade é gerado. Um
desejo de ser e de se ver prolongado em outra vida, que seja parte de si
mesmo, mas com vida própria. Imagino que deve ser frustrante a
princípio. Durante toda a espera, um pai é um pai sem experimentar o
gosto de ser, sem os inconvenientes de uma gravidez, mas também sem as
lindas emoções que tanto mexem com a gente.
E quando ele
sente pela primeira vez a vida que ajudou a gerar, tudo toma outra
forma. Ele sente um chute e se diz já que este será um grande
jogador de futebol. E muitas vezes se surpreende e se maravilha quando
vê uma princesinha que sabe chutar tão bem. Mas tanto faz. Está ali um
sonho que se torna palpável.
E um parto de
um pai se dá quando ele pega pela primeira vez sua criança nos braços,
quando ele se vê em características naquele serzinho tão miudinho que
nem se dá conta ainda que veio ao mundo e que se tornou o mundo de
alguém. E os sentimentos e emoções se atropelam dentro dele. E ele
sente que, à partir desse instante, a vida nunca mais será a mesma. E
ele precisa olhar dez, cem, mil vezes para acreditar que tudo não passa
de um sonho. E geralmente há um enorme sentimento de orgulho que toma
posse dele.
Assim se forma
um pai. Pronto para ensinar tudo o que aprendeu da vida, um dia ele
descobre que não sabe realmente muito, que na verdade aprende a cada
instante. Diante da sua criança ele se torna um adulto vulnerável e
acessível. E vai gerando, pouquinho a pouquinho, dentro de si mesmo, a
arte de se tornar um pai.
Letícia
Thompson
contact@leticiathompson.net
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