Comparo o
passado às
folhas do
outono, belas,
cheias de
nostalgia, mas
vividas.
Tiveram seu
tempo de
frescor,
encanto, mas
soltaram-se e
foram levadas
pelo vento.
Todos nós
tivemos um
passado. E
cada qual
gosta de
guardar o seu,
principalmente
aquele ou
aqueles que
marcaram a
vida, deixaram
cicatrizes na
alma e para o
qual olhamos
de vez em
quando com
ternura.
O que não
gostamos mesmo
é de saber que
a pessoa que
amamos teve um
passado
amoroso.
Difícil
imaginar que
os lábios que
nos juram amor
fizeram outras
juras, que os
braços que nos
enlaçam
guardaram
outro corpo
dentro de si,
que os
carinhos e
batidas do
coração
tiveram como
objetivo outra
pessoa...
Ai!... Como se
desprender da
idéia de que
não somos
únicos no
mundo? Como
aceitar que
existam
sombras que
acompanham e
acompanharão
para sempre
essa outra
parte que de
forma egoísta
e bela
julgamos
nossa, só
nossa?!
Queríamos que
os carinhos
que são a nós
fossem só
nossos, que
pelo menos
para a pessoa
amada a
palavra
"único" tenha
nosso rosto.
Mas as folhas
do outono vêm
de diversas
árvores e
quando olhamos
para trás,
vemos que
temos também
nossa sombra,
que nos
acompanha com
fidelidade.
Achamos que
isso é menos
importante,
porque a dor
no peito do
outro não nos
incomoda
tanto, porque
nos cegamos ao
que ele pode
sentir e
ressentir.
Porém nossas
almas são
sensivelmente
iguais e é só
ter um pouco
de atenção
para saber o
que se passa
em outro
coração.
Nos
ententendo,
entendemos a
outra parte.
Amadurecemos
para o
presente e
para o futuro
que virá e com
os frutos que
virão, mesmo
se outras
folhas
cobriram nosso
caminho lá
atrás.
Amar é também
aceitar o
outro com
todas as suas
marcas, suas
cargas, suas
sombras... e
seguir em
frente!