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O amanhã não nos pertence

 © Letícia Thompson

 

Viver o dia-a-dia é a mais natural e a mais difícil de todas as coisas. Contentar-se do presente, do aqui e do agora exige de nós um grande auto-controle dos sentimentos e emoções.

As coisas que nos fizeram vibrar no passado vibram ainda hoje, mas de maneira menos intensa, com gosto de saudosismo. Passou e ficou de forma leve, como as lembranças das férias ou das primeiras batidas incontroláveis do coração.

As coisas futuras podem nos alegrar (uma felicidade esperada) ou nos fazer sofrer intensamente, antes mesmo que o esperado chegue, se chegar.

Não controlamos o que passou, porque aconteceu e não sabemos voltar atrás e não controlamos o futuro, apesar de tentarmos escolher minuciosamente os bons caminhos.

O ontem faz parte definitivamente das nossas vidas, nossa história e nossas entranhas e não podemos negá-lo, mas o amanhã não nos pertence. Ele é apenas uma possibilidade, um sonho ou um pesadelo, uma nuvem que se aproxima mas que pode, com um sopro do vento, ir em outras direções.

O hoje sim é o que temos de real e nos pertence de todo.

Antecipar alegrias e vitórias faz-nos bem, se mantemos os pés firmes no chão; antecipar perdas e partidas provoca-nos dores inúteis e frequentemente maiores ainda que o que seriam, pois já pela antecipação se multiplicam.

Devemos aprender a acolher o hoje e fazer dele o melhor que podemos, com todos os meios que tivermos. Sermos felizes, fazermos outros felizes, nos bastando de cada segundo oferto como um presente Divino que não se oferecerá uma segunda vez.

 

Letícia Thompson

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