Lágrimas
da depressão
©
Letícia Thompson
Por ser uma doença tão
incompreendida é que muitos evitam falar. Quem não experimentou, não sabe o
que significa não ter forças emocionais para abrir a janela para ver o sol.
O depressivo busca refúgio no
isolamento, ele não se sente abandonado, abandona-se, desiste de si, de uma
certa forma.
Há pessoas que choram seu destino,
mas ao depressivo isso não acontece, pois se chora é porque não consegue ver
destino, nem bom, nem ruim, apenas um vazio instalado a alguns metros dos seus
olhos.
Falta vontade pra levantar, pra
andar, pra sair, pra viver... a única vontade que sobra é a de dormir, pois
esta não pede esforço, não exige ajuda e não obriga ninguém a enfrentar o dia.
Na depressão só as lágrimas são
companheiras, pois vêem sozinhas e ficam juntas sem tentar consolar e sem
fazer perguntas ou exigências. Elas ficam, simplesmente, presentes.
Que a vida é bela eu sei! Ela é bela
para quem ri e para quem chora, para quem espera e para quem desespera. Ela é
bela quando é noite, quando é dia, quando a chuva canta na janela e os ventos
assobiam estranhas canções.
Mas a beleza da vida não é atrativo
bastante para encher uma alma de querer, para injetar nela a vida e novas
perspectivas. É preciso mais, muito mais que a luz do dia ou a suavidade de
uma flor para dar a uma pessoa o desejo de se levantar e recomeçar o caminho.
É difícil buscar forças quando já
utilizamos todas as reservas possíveis, mas é exatamente esse o momento de
dirigir-nos a Deus, pois se nossas forças físicas parecem mortas, nosso
pensamento está bem vivo.
E é quando abandonamos completamente
nosso desejo ao desejo de Deus que nos tornamos mais fortes.
Que o depressivo não pense que
chegou ao fim do caminho, ele apenas fez uma parada. Há ainda muita estrada
pela frente, novas perspectivas e novos horizontes.
Quando Deus toma a direção das
nossas vidas é que as janelas começam a se abrir, que nosso coração bate um
pouco mais apressado e começamos a encontrar as soluções para o que antes
parecia perdido.
Podemos atravessar a dolorosa
estrada da depressão, mas chegaremos ao fim dela, pois se sozinhos nos
sentimos, sós já não estamos.
A vida continua linda, continua bela.
E se já não sabemos mais olhar, Deus nos ensina como abrir os olhos.
Letícia Thompson
contact@leticiathompson.net
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