Frágeis corações
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Letícia Thompson
Eu gostaria de poder entender por que deixamos tantos dos nossos sonhos de lado. Não é bem assim... é que eles se perdem, ou os perdemos, por que desejamos deles um pouco mais do que nos oferecem ou nós mesmos nos assentamos num comodismo que no fim das contas acaba nos incomodando e deixando infelizes.
Muitas relações "duráveis" continuam porque nenhum dos dois admitiu estar insatisfeito. É a vida que corre, sem que se peça dela um pouco mais. Porém cada um, bem no fundo de si, nem que seja por algumas vezes, gostaria de reviver aqueles momentos em que o coração batia desesperadamente e não sabia onde encontrar lugar para se colocar.
As pessoas acostumam-se demais umas às outras. Raros são os casais que conseguem manter pelo menos um pouco das emoções de antes. Os dois conhecem-se tanto que passam a se tornar invisíveis, pelo menos como homem ou como mulher. A mulher torna-se a mãe, dona-da-casa, amiga até... e o homem aquele que tem a responsabilidade maior pelo sustento da casa. E o que sobra depois disso? Sobram apenas restos dos sonhos que ficaram para trás...
Pudessem as pessoas pelo menos vez ou outra parecer "novo" ao outro, as coisas poderiam ser diferentes. Pudessem as mulheres de vez em quando deixar os afazeres domésticos e dedicarem-se completamente a uma noite de amor, toda de amor vestidas e os homens as vissem como se fosse a primeira vez e pela primeira vez oferecessem flores, a magia retornaria.
É preciso imaginação num relacionamento, é preciso criatividade e uma ponta de emoção. É preciso querer, não ter medo da nudez dos desejos, não ficar embaraçado depois de tantas coisas vividas, é preciso buscar a intimidade perdida e o olhar nos olhos depois do passar dos anos.
O amor não é o quinhão dos jovens ou dos grandes românticos. É o pedaço que o coração mais anseia, é a outra parte da lua, é o elo que reforça os mais frágeis corações.
Letícia Thompson
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