Enfrentando o luto
©
Letícia Thompson
Como a vida é
delicada, frágil!...
os segundos que se
substituem não se
repetem e o
instante que vem
pode transformar
toda uma história
em pedaços de
lágrimas, onde o
chão parece
desaparecer sob os
pés e o coração
fica tão dolorido
que parece que
nunca vai
encontrar remédio
para curar-se.
Ninguém gosta de
falar sobre perdas,
alguns evitam até
pensar, mas todos
temos que, um dia
ou outro,
enfrentar.
Quando pensamos na
vida, não queremos
pensar nas
possibilidades das
perdas, que nos
fazem sofrer
antecipada e
inutilmente.
Mas se a vida é um
caminho onde
subimos e descemos,
é também um campo
onde plantamos,
colhemos e onde
certas flores são
carregadas tão
repentinamente que
nos pegam
desprevenidos.
E quando isso
acontece, que
fazer mais que
abraçar a dor e
esperar que os
dias seguintes nos
façam acordar
desse pedadelo?
Viver o luto é
aceitar a dor e a
partida e aprender
a continuar a
viver. Talvez seja
justamente isso o
mais difícil:
viver depois,
reencontrar a
alegria, o gosto,
reaprender a olhar
o belo e desejá-lo.
Algumas pessoas
desenvolvem um
sentimento de
culpabilidade em
aceitar novamente
o presente da vida,
o sorriso e o
recomeçar. Elas
sentem como se
estivessem traindo
quem se foi,
porque devem
continuar.
Ora, o amor não
diminui ou não
fica diferente
porque aprendemos
a viver sem os que
se foram. O espaço
conquistado no
nosso coração
pelos que nos
amaram e os que
amamos ficará
definitivamente
marcado. Porém,
isso não pode e
não deve impedir
ninguém de viver.
É preciso aprender
a viver com e
apesar de. É
preciso aprender a
viver com a dor,
com a falta, com a
saudade e apesar
do adeus. E é
preciso se
reconstruir.
Completar o luto é
aceitar que a
última página de
uma história tenha
sido
definitivamente
virada, que aquele
livro se encerrou,
mas que a vida
para quem fica
continua.
A vida é uma
dádiva do céu, que
continua azul e
infinito e onde as
estrelas continuam
a brilhar, mesmo
na mais negra
escuridão.
Letícia Thompson
contact@leticiathompson.net
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