Culpas e desculpas
©
Letícia Thompson
Há os que viajam para os desertos para encontrar a paz, fogem das grandes
cidades, do barulho e cortam qualquer tipo de comunicação; outros fecham-se em
si e a procuram nas meditações e reflexões do sentido da vida; há ainda aqueles
que negam qualquer tipo de culpabilidade, como se negação fosse sinônimo de
libertação.
Se tivéssemos a possibilidade de correr o mundo inteiro, viajar todos os
mares e subir as mais altas montanhas, atravessar o espaço e ir além das
estrelas, ainda assim não poderíamos apagar quem somos, nem o que vivemos, não
nos tornaríamos melhores e nem maiores.
Somente um olhar para dentro de si mesmo, um reconhecimento de total
condição humana e dependência do Pai pode nos libertar e colocar nas nossas mãos
a paz que tanto almejamos.
Ser honesto consigo é ser honesto com o mundo inteiro. Quem se engana a si
mesmo, comete o maior dos enganos. Nunca, aqui na terra, seremos grandes, bons e
perfeitos o bastante para dizer que não temos mais nada para aprender.
Aprendemos a cada dia, às vezes com lágrimas e dor no coração. Não nos
livramos das culpas quando fugimos delas e as desculpas não agem como sabão.
Se quisermos dar passos ao encontro do caminho da paz e de um mundo melhor,
devemos aprender a aceitar certas coisas:
- Não sabemos tudo;
- O outro pode perfeitamente ter razão;
- Devemos assumir nossas culpas sem nos refugiar nas desculpas e isso não
nos impedirá de olhar para a frente;
- Os erros que cometemos não devem nos amarrar definitivamente ao passado;
- O direito que temos de errar, outros também têm e fracassar uma vez não
é fracassar para a vida toda;
- Os pais também se enganam e mesmo quando isso acontece é que desejam o
melhor para os seus filhos;
- Cortar os pontos com alguém é cortar pontes onde nós e os outros
poderíamos atravessar e viver isolado não é a melhor solução para resolver
problemas;
- A comunicação é importante para evitar mal-entendidos;
- Franqueza e doçura não precisam estar dissociados;
- Evitar uma briga vale mais que ter razão;
- Os gestos valem tanto quanto palavras;
- Não é só a intenção que conta, mas ela conta muito;
- Brincar não é privilégio das crianças;
- Devemos perdoar até setenta vezes sete;
- Ninguém é melhor que ninguém;
- Somos todos moldados do mesmo barro e o mesmo Deus que soprou nas minhas
narinas, soprou nas narinas do meu irmão;
- Todos temos pecados;
- Jesus também chorou, Ele foi crucificado, mas nunca crucificou.
- Podemos estar na mais alta montanha, no mais longíquo dos desertos e
ainda assim estar longe de Deus.
- Aquele que busca a Verdade, encontra a Paz.
- Se somos herdeiros do pecado e herdeiros do bem. São as sementes desse
último que devemos deixar ao longo da nossa passagem.
Letícia Thompson
contact@leticiathompson.net
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