Ouvimos, como motivação ou
intenção de consolo, talvez mesmo um pequeno raio de esperança, que Deus não nos
dá a carga além da que podemos carregar.
É assim que suportamos, passo a passo, os fardos que chegam a nós e as
misérias que ouvimos, previstas há séculos, às quais recebemos sempre como algo
surpreendentemente novo e assustador.
Não sabemos como vai ser o amanhã, mas nos sabemos cabeças nuas e sujeitas
ao que vier. Não estamos preparados para a dor e desolação e jamais estaremos.
Pés calejados não suportam melhor os calçados apertados. É assim que, mesmo
"preparados" mal suportamos as cargas e com lágrimas as carregamos.
Sobrevivemos a elas e os que não sobrevivem é por que os limites foram
atingidos. Se a dor vence a força é porque a paz estava no descanso eterno.
Compreendemos mal essas verdades; vivemos mal essas verdades e se não aceitamos,
aprendemos o que significa a resignação.
Grandes tragédias sempre existiram. Guerras, enchentes, terremotos, pragas
e pestes, cidades inteiras destruídas já são citadas no Antigo Testamento... o
que é diferente nos dias atuais são os meios de comunicação que tornam tudo
imediatamente acessível, aos ouvidos e olhos. Se não sabemos, não sofremos; se
sabemos e não vemos, sofremos menos.
Nosso amor a Deus não
pode ser condicional ao que vivemos, por que o amor dEle não é condicional ao
que oferecemos.
Isso não é uma palavra de consolo, nem uma pequena luz
de esperança para o dia de amanhã, mas uma verdade que nos conduzirá ao
sentimento de paz e à vida eterna.
Se as cargas são por demais
pesadas e aparentemente insuportáveis e continuamos de pé é que ainda temos um
caminho pela frente, para viver e estender a mão aos que carregam cruzes mais
pesadas que as nossas.
Letícia Thompson
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